2012: A Revelação

                                          Calendário Maia

Conceito de tempo e sua importância


“O povo Maia era extremamente preocupado em localizar todos os eventos num padrão cosmológico criado para garantir a regeneração da vida. O tempo passado e futuro eram fixos num padrão discernível que podia ser lido e previsto.”
                                                                                                                                               David Carrasco, Religions of Mesoamerica.

Sem telescópios ou quaisquer outros aparelhos, os Maias revelaram-se astrónomos incríveis. A partir de observações cuidadosas, registaram acontecimentos como o nascer e o pôr de Vénus (que era considerado um corpo celeste muitíssimo significativo), os eclipses do Sol e da Lua e a passagem das constelações do seu zodíaco ao longo das estações.

Para os Maias todas estas informações eram vitais, pois não só explicavam o passado e os guiavam no presente como também eram a chave para poderem prever o futuro. Assim, acreditavam que tempo e espaço tratam-se de uma só coisa que flui em ciclos repetitivos. Na sua perspectiva passado, presente e futuro estão na mesma dimensão, sendo assim a predição a mais importante função da religião dos Maias.



 Os Calendários

Através dos seus fantásticos conhecimentos sobre astronomia e também de inúmeras observações que fizeram ao longo de toda a sua existência, os Maias desenvolveram calendários MUITO precisos (cerca de  70 vezes mais precisos que o nosso calendário gregoriano).

Embora as escrituras Maia possuíssem registos de um grande e complicado conjunto de calendários, os mais importantes são o Calendário Redondo e a Contagem Longa.

Os Números

Os números de um a quatro eram representados pelo número apropriado de pontos isolados, o número cinco era representado por um traço e entre seis e dezanove estão compreendidos um ou mais traços e pontos, conforme forem necessários). Para além disso, os Maias eram dos raros povos que utilizavam o zero (simbolizado por uma concha), tendo neste aspecto um milénio de avanço sobre a Europa.

Os números superiores a dezanove eram escritos na vertical seguindo potências de vinte em notação posicional. Assim, eram escritos em colunas em que a linha inferior se destina às unidades (de 1 a 19) , a linha superior seguinte está reservada aos ciclos de vinte, a seguinte aos ciclos de quatrocentos (20 x 20), depois aos ciclos de oito mil (20 x 20 x 20) e assim sucessivamente.

Por conseguinte, os Maias eram capazes de fazer cálculos que atingiam os milhões.

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Números Maia (1 até 20)

Calendário Redondo

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Figura 1

O
Calendário Redondo é composto por datas de dois ciclos, um calendário sagrado de 260 dias chamado Tzolkin e um de 365 dias chamado Haab.

TZOLKIN

Ciclo Sagrado Maia ou Calendário de 260 dias

- Possui 260 dias, cada dia é representado com um ‘número do dia’ (vão de 1 a 13 e depois repetem-se) e um ‘nome do dia’ (20 dias)  [20 x 13 = 260 dias];

- Cada dia tem numa combinação única de número/nome do dia;

- Era usado para as funções religiosas;

- Os nomes dos dias são representados por símbolos (ver figura 1).


HAAB

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Figura 2


- Possui 365 dias dividido em 18 meses de 20 dias, com um período de 5 dias de azar no final do ano chamado Wayeb;


- Os nomes dos meses são representados, no calendário, por símbolos (ver figura 2);

- Cada mês é representado por um símbolo, seguido pelos números de 1 a 20, só depois passa para outro mês.





A data do Calendário Redondo é então composta pela junção dos dois calendários: Tzolkin e Haab.
As datas combinadas de tzolk’in/haab só se repetem após 52 haab, ou seja 52 anos. Esta é a duração do ciclo do Calendário Redondo [52 x 365 = 18 980 dias].


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Figura 3
Contagem Longa

Como as datas do Calendário Redondo só podem distinguir datas em 18.980 dias, equivalentes a cerca de 52 anos, era necessário um método mais refinado para manter datas de modo a registar a história de forma mais precisa, ou seja, para manter datas sobre períodos mais longos que 52 anos.

Tendo sido assim criado o Calendário de Contagem Longa, onde as suas datas não se tornavam repetitivas, sendo por isso utilizada para marcar datas em monumentos.

Neste calendário era utilizado um sistema vigesimal, ou seja, de base 20, sendo registada em 5 períodos: baktun (144 000 dias), katun (7200 dias), tun (360 dias), winal (20 dias) e k’in (dia) (ver tabela da figura 3).


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Figura 4
Era constituído por 5 partes, sendo o primeiro número referente ao ciclo BAKTUN, e o último referente ao ciclo KIN.
Cada um dos períodos é caracterizado por um símbolo (ver figura 4)



Os Calendários e 2012

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Após séculos de observações, os astrónomos maia chegaram à conclusão de que no dia 21 de Dezembro de 2012 (ou 13.0.0.0.0 na Contagem Longa) começará uma nova era na história da humanidade, sendo nessa mesma data que o Calendário de Contagem Longa termina.

Hoje em dia, tem se vindo a ligar o facto de o calendário longo terminar com o fim do Mundo. Mas este povo sustentava apenas que começaria uma nova era, não só tecnicamente no calendário como de âmbito vital. Assim, a data profetiza um momento muitíssimo sagrado, auspicioso apesar de perigoso na História da Humanidade, destinado, segundo acreditavam, a trazer ao mesmo tempo a catástrofe e a revelação, mas nada relativo a um final “físico” do nosso planeta.

Com isto, pode-se concluir que nada aponta verdadeiramente para o fim do nosso planeta ou para o fim da vida humana, apenas para uma mudança, para uma nova época.